terça-feira, maio 18, 2010

Tabaco Russo

Pensei hoje enquanto deambolava na rua, que a piada de fumar se deve resumir à montanha russa que um cigarro proporciona.

Estou eufórico, estou sobressaltado, sinto-me como merda, apetece-me desatar aos murros no meu colega do lado. Que fazer?
Felizmente há uma solução. Tabaco.

Logo no primeiro trago sinto a tranquilidade a apoderar-se mim, e logo encontro o meu oásis de novo.

Desconfio que seja isto que se passe no inconsciente de cada drogadito que fuma. Podem haver muitas desculpas: é um hábito, é o corpo que pede o cigarro, questões sociais. Mas no fundo, é isto. Uma montanha russa causada de forma artificial durante 20 vezes ao dia.

Necessidade estúpida esta, que cada um de nós tem. Ninguém consegue estar muito tempo no pico da felicidade. Não dá. Há algo que nos impele nesse momento para os abismos, para podermos dar valor a essa felicidade. Creio que foi isso que me aconteceu. Estava demasiado feliz. Precisava de miséria. O engraçado é que me custou imenso me afundar, mas agora que estou a renascer de novo, sinto que foi uma atitude muito estúpida da minha parte. Deveria lá ter ficado no topo, é lá o meu lugar, e não nas slums da vida. Já dei mais que provas e já lutei muito para subir ao topo, e agora, não me vou permitir outra vez outra descida. Sei que sou digno de um lugar no topo, sei que mais do que querer, eu tenho de estar lá!

Chega de fraquezas, que isto não é o meu forte. Para cima é que é caminho!!!

Botão

Na hilariante série "Futurama", havia um episódio em que o Bender tenta por termo à sua vida numa Stop-and-Drop Suicide Booth. Que conceito genial.

Foram várias as vezes que fantasiei um botão que tivéssemos algures escondido no corpo, que ao ser carregado nos iria desligar de forma suave e indolor. Para sempre.


Acontece que o nosso corpo é resiliente e foi feito para durar. O nosso cérebro por exemplo está sempre ligado, nunca descansa. Mesmo quando dormimos não nos conseguimos livrar da nossa consciência. Aliás, apenas uma ou duas pessoas no mundo deverão conseguir desligar de forma total o seu cérebro, de forma a que a sua mente fique completamente limpa.

O nosso corpo não pára e não desiste de forma alguma. Se nos magoamos, nos avisa que temos de fazer algo para remediar isso. Se estamos numa situação de perigo, faz override à nossa consciência e entra em piloto automático. Se ele se apercebe que está numa ravina, ao pé de uma cobra, perto da morte, dissemina o medo dentro de nós para nos afastar dessa situação prontamente.

O corpo não desiste. Mas a alma por vezes cede.


Na próxima conversa intima e profunda que tiver com alguém, lhe irei perguntar sobre o botão. O que faria se houvesse um botão?

Pois eu já teria uma resposta na ponta da língua se me fizessem tal pertunta. Se tal botão existisse, eu já o teria carregado. Várias vezes.