sexta-feira, julho 23, 2010

Palavras

O Miguel Sousa Tavares disse uma coisa que me deixou a pensar. Era algo do tipo: as palavras que escrevemos são aquelas que nos poupámos a dizer. Dá que pensar não é?

Acho isso engraçado, na medida em que 90% dos pensamentos que partilho com vocês (o meu público vazio da Internet), eu jamais os proferi em voz alta para quem quer que fosse. Agora vem a parte melhor: e as pessoas que eu conheço (ou que penso que conheço)? Que palavras já escreveram? Muitas? Poucas? Profundas? Mundanas?

O que tiro daqui? Mais um método que me parece bastante bom para se poder decifrar um pouco mais a alma das pessoas com quem eu convivo. O método é muito simples. Basta perguntar a essa pessoa se escreve muito. Atenção que a pergunta não é SE escreve, mas QUANTO escreve. Porque, se não escreve, é provavel que nem haja a necessidade de fazer a pergunta em primeiro lugar. E há uma pessoa, uma daquelas especiais, que merece esta pergunta. Mas isso deixo para outras núpcias.

Veneno

Há pessoas que são como o veneno de cobra. Se convivemos algum tempo com elas, nos sentimos rejuvesnecidos e curados do tédio da rotina. Mas se as continuamos a consumir a partir desse ponto, acontece exactamente o contrário, e ficamos ainda mais miseráveis do que já estávamos.

sexta-feira, julho 09, 2010

quinta-feira, julho 08, 2010

Vidas (não, não é sobre a maravilhosa revista de vaidades)

É uma sensação terrível chegar a casa, sentar-me, e chegar à conclusão de que não tenho vida.

Ironias

Em petiz, fui uma vez à farmácia perguntar se não vendiam algum tipo de medicamento para poder ficar mais branco, pois já não aguentava a minha diferença. Hoje, todos invejam a minha pele, e antes preferem apanhar cancro e ficar em pele viva, do que ficar pálidos e de aspecto (supostamente) pouco saudável.


Quando o negro era sinónimo de escravo, animal e ralé baixa, ninguém queria ter a pele escura. Anos passaram e enquanto a raça negra ainda sofria desse estigma, e de outros adquiridos pelos actos de vandalismo assoiados aos mesmos, a moda continuou. Ter a pele o mais branquinha possível, um branco cadáver se possível, era aconselhável e era um passaporte para o domínio da beleza ocidental. A melhor ilustração para este ponto é sem dúvida o Michael Jackson.

Os tempos mudaram, e se começaram a traçar pazes entre o escravo e seu dono. Com a baixa de guarda da raça ariana, eis que chega a vingança. Com a razão de seu lado, os negros começam a culpabilizar os brancos pela falta de humanismo de seus antepassados, usando o medo como sua arma primordial. É genial, pois quem não tem medo de marginais? Eles têm pouco ou nada a perder, por isso nada os impede, ou assim se pensava. Eis que o mundo fica de pernas para o ar, e de repente temos brancos que desejam profundamente ser negros como a noite. Gangsta rap, lembram-se?

Poderá estar a chegar outro ponto de viragem, com a recente vaga de filmes, livros sobre vampiros. Más notícias para as pessoas que tanto investiram em solários e cremes auto-bronzeadores (só este nome já dá vontade de rir) que bem que se podiam chamar de lodos bronzeadores, pois quem os usa mais parece que levou com uma tempestade de terra em cima.


A vida é irónica não é?