quinta-feira, abril 22, 2010

Perto do fundo

Hoje, posso garantir que me aproximei bastante do fundo.

Se estas passadas semanas, ou meses, nem sei.. se neste últimos tempos eu já tenho andado num estado lastimável, no que à alma se refere, pois hoje... hoje estou mais perto do fundo. Ainda não bati lá, mas já o vejo.

É um sitio familiar no qual já passei uns bons tempos, mas do qual senti ter emigrado. Me tinha esquecido do que era sentir o fundo, do que era cheirar o fundo, do que era estar num buraco tão fundo, no qual tinha de ser eu a fazer a minha própria corda para me poder puxar até sítios mais solarengos. Qual filho pródigo, cá estou eu de novo, perto de casa.

Dizia eu às pessoas que me eram queridas, que não era nada, que não sou de ferro e fraquezas acontecem, que eu só precisava de algum tempo para resolver os meus tumultos interiores. Quem me conhece sabia que era tudo treta, e que só estava a tentar impingir uma mentira para que eu próprio a pudesse absorver também. Mentiras. Tudo mentira.

Mentira é que agora parece ter sido o meu voo efémero. Mentira parece ter sido o que senti, fiz sentir, o que acreditei e fiz acreditar. Mentira parece ter sido a minha vida.

A verdade, e já o disse aqui, a verdade é sempre dolorosa, demasiado real, demasiado crua, demasiado verdade. Felizes são loucos. Fui louco e gostei. Só gostava de o voltar a ser. Um louco que sabia que era louco e sabia onde a verdade repousava, não se atrevendo a olhar nos olhos dela, pois qual medusa, enfeitiça e transforma em pedra.

Pensei que estava tão alto, tão clarividente, que só um raio bem forte me poderia abater. Pois hoje está trovoada e a minhas nuvens choram.

sábado, abril 17, 2010

Blogues

Há blogues ridículos, foudasse!

Não digo que este não seja, porque é bem provável que sim, mas há blogues mesmo parvos.

quarta-feira, abril 07, 2010

Sprints

Cheguei hoje à conclusão que o sucesso na vida está no saber fazer sprints.

Por exemplo, o leitor entra num grupo cujo o objectivo é, sei lá, vender enciclopédias. Há duas abordagens para isto:
  1. Durante os primeiros meses se esforça até ao limite do impossível para vender o maior número de enciclopédias, ganhar contactos, fica extasiado com o trabalho, envolve membros da família e amigos e mostra aos seus colegas que também vendem enciclopédias (e seu chefe) que adora este trabalho e que tem o maior orgulho no que faz e tem até ideias para a inovação do mundo da venda de enciclopédias. Quando até que enfim lhe é dada a promoção, digamos, 4 meses depois, se retira desse trabalho, argumentando que tem outros projectos que quer realizar. Resultado? Fica reconhecido como empregado do ano, é promovido, condecorado e idolatrado pela seu compromisso. Quem sabe até, um dos seus colegas não se lembre de si 1 ano depois, para lhe propor um emprego extraordinário, pois é necessário alguém com a sua vivacidade e iniciativa para um cargo de topo.
  2. Não liga muito ao trabalho, e deixa os meses passar. Passados 7 meses recebe a sua promoção, pois a idade também é um cargo, recebe um bocadinho e recebe umas palmadinhas nas costas dos seus colegas. Resultado? Ninguém realmente reparou em si, pois apenas se limitou a fazer o seu trabalho. Além disso, se consumiu todos os dias por um trabalho que não lhe dava algum prazer, enquanto se regia por objectivos medíocres.
A opção é claramente mais vantajosa, e além disso tem um outro efeito secundário vantajoso: a paz de alma. O saber que fez tudo o que poderia ter feito e que deu corpo e alma nesse momento.

Com uns sprints bem equacionado, é possível percorrer mais e melhores caminhos do que um maratonista com palas de burro.