quinta-feira, abril 22, 2010

Perto do fundo

Hoje, posso garantir que me aproximei bastante do fundo.

Se estas passadas semanas, ou meses, nem sei.. se neste últimos tempos eu já tenho andado num estado lastimável, no que à alma se refere, pois hoje... hoje estou mais perto do fundo. Ainda não bati lá, mas já o vejo.

É um sitio familiar no qual já passei uns bons tempos, mas do qual senti ter emigrado. Me tinha esquecido do que era sentir o fundo, do que era cheirar o fundo, do que era estar num buraco tão fundo, no qual tinha de ser eu a fazer a minha própria corda para me poder puxar até sítios mais solarengos. Qual filho pródigo, cá estou eu de novo, perto de casa.

Dizia eu às pessoas que me eram queridas, que não era nada, que não sou de ferro e fraquezas acontecem, que eu só precisava de algum tempo para resolver os meus tumultos interiores. Quem me conhece sabia que era tudo treta, e que só estava a tentar impingir uma mentira para que eu próprio a pudesse absorver também. Mentiras. Tudo mentira.

Mentira é que agora parece ter sido o meu voo efémero. Mentira parece ter sido o que senti, fiz sentir, o que acreditei e fiz acreditar. Mentira parece ter sido a minha vida.

A verdade, e já o disse aqui, a verdade é sempre dolorosa, demasiado real, demasiado crua, demasiado verdade. Felizes são loucos. Fui louco e gostei. Só gostava de o voltar a ser. Um louco que sabia que era louco e sabia onde a verdade repousava, não se atrevendo a olhar nos olhos dela, pois qual medusa, enfeitiça e transforma em pedra.

Pensei que estava tão alto, tão clarividente, que só um raio bem forte me poderia abater. Pois hoje está trovoada e a minhas nuvens choram.

2 comentários:

Ligeia Noire disse...

gostei, quando estamos bem desgraçados escrevemos com sangue.

NegroDeMente disse...

Obrigado pelo comentário. Já dizia o Zé Pedro (acho): transforma a tua tristeza em arte.

Talvez seja uma forma de terapia