quinta-feira, julho 08, 2010

Ironias

Em petiz, fui uma vez à farmácia perguntar se não vendiam algum tipo de medicamento para poder ficar mais branco, pois já não aguentava a minha diferença. Hoje, todos invejam a minha pele, e antes preferem apanhar cancro e ficar em pele viva, do que ficar pálidos e de aspecto (supostamente) pouco saudável.


Quando o negro era sinónimo de escravo, animal e ralé baixa, ninguém queria ter a pele escura. Anos passaram e enquanto a raça negra ainda sofria desse estigma, e de outros adquiridos pelos actos de vandalismo assoiados aos mesmos, a moda continuou. Ter a pele o mais branquinha possível, um branco cadáver se possível, era aconselhável e era um passaporte para o domínio da beleza ocidental. A melhor ilustração para este ponto é sem dúvida o Michael Jackson.

Os tempos mudaram, e se começaram a traçar pazes entre o escravo e seu dono. Com a baixa de guarda da raça ariana, eis que chega a vingança. Com a razão de seu lado, os negros começam a culpabilizar os brancos pela falta de humanismo de seus antepassados, usando o medo como sua arma primordial. É genial, pois quem não tem medo de marginais? Eles têm pouco ou nada a perder, por isso nada os impede, ou assim se pensava. Eis que o mundo fica de pernas para o ar, e de repente temos brancos que desejam profundamente ser negros como a noite. Gangsta rap, lembram-se?

Poderá estar a chegar outro ponto de viragem, com a recente vaga de filmes, livros sobre vampiros. Más notícias para as pessoas que tanto investiram em solários e cremes auto-bronzeadores (só este nome já dá vontade de rir) que bem que se podiam chamar de lodos bronzeadores, pois quem os usa mais parece que levou com uma tempestade de terra em cima.


A vida é irónica não é?

3 comentários:

Ligeia Noire disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ligeia Noire disse...

a parvoíce é a mesma, quem quer ficar bronzeado e quem quer ficar pálido. De certeza que não sabem o que custa trabalhar ao sol. É tão fútil querer ficar bronzeado como querer o oposto. As modas são apenas isso futilidade e círculos.

NegroDeMente disse...

Os extremos tocam-se certo? Haja bom senso